FÓRUM IMPACTO ECONÔMICO NO
ESPORTE FITNESS COVID-19 – PRIMEIRO DIA
Aconteceu na última sexta-feira, 5 de junho,
o primeiro dia de palestras do Fórum Impacto Econômico no Esporte Fitness
Covid-19, uma realização da Federação Paulista de Esporte & Fitness
(FPEFIT) em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São
Paulo (SEME).
O evento tem a promoção da Associação
Brasileira da Indústria do Esporte (ABRIESP), e os apoios da Secretaria de
Esportes do Estado de São Paulo (SE-SP), Conselho Regional de Educação Física
de São Paulo (CREF4/SP), Sebrae SP, Fundação Getúlio Vargas, Sindicato dos
Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo (SINPEFESP), Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Conselho
Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP), Conselho de Arquitetura e
Urbanismo do Estado de São Paulo (CAU/SP), Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil (CAU/BR), Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
(ASBEA), Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo (Sindi Clube), Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Sindicato das Entidades
Desportivas do Estado de São Paulo (SEADESP), Fórum Nacional dos Secretários
Estaduais de Esportes, Associação Brasileira de Secretários Municipais de
Esportes e Lazer (ABSMEL), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(ABDI), Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil) e da Associação dos
Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (ACEESP).
Dividido em cinco painéis, o evento reuniu
figuras importantes da cadeia produtiva do esporte para discutir soluções e
caminhos para a retomada da economia e das atividades de toda a indústria do
setor após a pandemia.
Entre participações presenciais e virtuais,
por vídeo conferência, a abertura do fórum contou com secretário de Esportes e
Lazer do município de São Paulo, Mauricio Landim, o vereador Rodrigo Goulart,
presidente da Federação Paulista de Esportes & Fitness – FPEFIT, Marlene
Gouveia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte –
ABRIESP, Mauricio Fernandez, o vice-presidente da ABRIESP, Sergio Schildt, o
diretor do CODE FIESP, Mario Frugiuele, o diretor adjunto CODE FIESP, Victor
Hajah, o representante do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, Pedro
Roberto Pereira, e o representante da Soccer Grass, Edson Gomes.
Segundo Mauricio Landim, ainda não é
possível avaliar o impacto geral da crise, mas que há uma luz no fim do túnel e
unir forças do setor público e privado para encontrar maneiras de superar esse
momento. “O esporte é uma ferramenta auxiliar na saúde e não podemos esquecer
isso”, enfatizou.
Responsável pela emenda que viabilizou a
realização do Fórum, o vereador Rodrigo Goulart disse que essa é uma crise sem
precedentes, com reflexos muito importantes e que não há certeza sobre onde irá
parar na economia. “O Esporte é um promotor da saúde, e é muito importante
discutirmos isso, o panorama, com todos os espaços fechados. Temos que discutir
com o Estado como alcançar as fases de flexibilização e retomada das
atividades, bem como seremos no futuro e nos prepararmos da melhor maneira
possível para isso”, disse em seu discurso de abertura.
Painel 1 – Impacto Econômico no Brasil e no
Mundo: Situação Atual e Perspectivas
Participaram da mesa o deputado Julio Cesar Ribeiro, o secretário adjunto da Secretaria
Especial do Esporte (Ministério Cidadania), André Alves, o representante da
China National Sports Group, Randy Zhang, o diretor da Messe Munchen, Rolf
Pickert, o vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Thomas Timm, e o
representante da Apex-Brasil, Antonio Caputo.
Representando Secretaria Especial do
Esporte, André Alves afirmou que o papel da pasta é ser uma facilitadora do
segmento esportivo e unir todas as entidades para conseguir dialogar e fazer
uma política esportiva única. “Estamos preparando ações na Secretaria para dar
continuidade ao andamento do setor esportivo no país, com o objetivo de retomar
as atividades esportivas no país o mais rápido possível e de maneira segura.
Conversamos com todos os atores do segmento para, em conjunto, obtermos sucesso
nesse plano”, revelou.
Dentre algumas dessas ações, ele destacou o
trabalho de aprovação de projetos via Lei de Incentivo ao Esporte, zerando a
fila existente, reformulações para flexibilizar e desburocratizar a LIE,
melhorias na Profut, ampliação do prazo de loterias esportivas, manutenção do
programa Bolsa Atleta e a busca por apoios para o Esporte através de estatais.
Painel 2 – Perspectivas Financeiras e
Tributárias do Impacto da Covid-19
Participaram da mesa o vereador Rodrigo
Goulart, Richard Bilton, da Companha Athletica, Ailton Mendes da Silva, do
CREF4-SP, Valter Piccino, do Sindi Clube, e Adriano Correa, do CRCSP.
Em sua fala, Rodrigo Goulart explicou que
boa parte do orçamento desse ano para o Esporte no município acabou sendo transferida
para a Saúde e Assistência Social, setores prioritários neste momento de crise.
“Temos trabalhado desde o primeiro momento para termos uma diferenciação nos
tributos municipais, apresentando, inclusive, a isenção ou prorrogação dos
tributos fiscais. É muito importante que o setor nos traga suas colaborações
para minimizarmos a situação e o impacto financeiro e econômico no nosso setor”,
explicou.
Richard Bilton usou um tom otimista para o
futuro, mas ressaltou a diminuição de receita para as academias nos primeiros
meses de retomada. “Com a reabertura das academias, vamos ter que nos acostumar
com uma operação com 35% a 50% do faturamento, que é o que já vem acontecendo
em Santa Catarina. Para as academias é uma questão de sobrevivência voltar nos
próximos meses”, disse.
A situação nos clubes não tem sido diferente.
Nesse segmento houve um certo alívio em relação à folha salarial, devido aos
cortes e encerramentos de contratos, mas as despesas continuam, como a
manutenção das quadras, piscinas e demais instalações. “Os clubes estão tentando
se manter, são longevos, pois primeiro são muito bem administrados tendo à sua
frente pessoas capacitadas e com amor ao clube. Os clubes têm no mínimo 60% de
sua entrada de dinheiro comprometidas com folhas e encargos salariais, depois
manutenção e inadimplências”, explicou Valter Piccino.
Painel 3 – Perspectivas Trabalhistas
Mesa composta pela Dra. Katia Dutra, da KS
Advogados, José Antonio Fernandes, presidente do SINPEFESP, Valter Piccino, do Sindi
Clube, Flávia Augusto, do CRCSP, e Gilberto Bertevello, presidente da SEEAATESP.
Com a crise econômica causada pela pandemia,
o fechamento do comércio e a diminuição nas operações das empresas, algumas
medidas provisórias foram implantadas, permitindo a suspensão de contratos e
redução salarial, a fim de evitar demissões em massa. A decisão das empresas
fitness, visando atender a essas MPs, utilizou a antecipação das férias dos
seus funcionários e depois suspenderam os contratos de trabalho, pois não
tinham como atender o público pessoalmente e nem online, pela falta de
ferramenta do público, ou mesmo a redução da carga de trabalho e salário.
“Todos tiveram queda em suas receitas,
afetando o fechamento. Nós, profissionais da contabilidade, estamos dando esse
suporte para que haja um remanejamento dos funcionários e todas as questões
financeiras, tendo um cuidado especial também na retomada, que acontecerá de
forma gradual, comimpactos menores”, explicou Flávia Augusto.
Katia Dutra explicou como funcionam essas
medidas: “A suspensão do contrato pode ser usada até duas vezes em 60 dias
pelas empresas. Já a redução de carga horária e, consequentemente, do salário
pode ser usada por 90 dias, com cortes de 25%, 50% ou 70%.”
Segundo ela, o Tribunal Regional do Trabalho
de São Paulo registrou 1.700 novas ações trabalhistas em 70 dias, devido às
demissões em massa durante a pandemia. Outro problema apontado pela advogada
foi o abandono ao terceiro setor. “É um setor que não se sustenta, não consegue
aprovar projetos, não tem publicidade, e muitas crianças e pessoas não estão
conseguindo praticar esportes devido a isso”, afirmou.
Para Gilberto Bertevello, “é muito difícil
suportar uma folha de pagamento com os encargos existentes. O ideal seria o
funcionário receber por produtividade e não por carga horária. Precisamos de
uma reforma interna, e talvez a pandemia seja uma oportunidade de darmos início
a essa revolução.”
Painel 4 – Perspectivas Econômicas
O quarto painel do dia contou com as
participações de Leonardo Pereira, da SELFIT, André Rebelo, da FIESP, e Mario
Frugiuele, diretor do CODE FIESP.
“Olhando para fora é como devemos agir aqui
dentro”, disse Leonardo Pereira, em relação aos processos de retomada econômica
no Brasil. “Quando falamos em perspectivas econômicas, olhamos para o
prognóstico de países que já passaram pelo pico da pandemia. Os protocolos lá
foram muito bem implementados e elaborados. Olhando para fora se percebe uma
nova perspectiva em função do que aconteceu realmente”, explicou.
Segundo André Rebelo, a confiança dos
empresários despencou. “O PIB foi negativo no primeiro trimestre, como
esperado. E deve haver um aprofundamento da crise no segundo trimestre. É
esperada uma recuperação somente no terceiro trimestre do próximo ano, com
muita incerteza de como será feita a retomada no segundo semestre deste ano,
principalmente no sentido de ativação do agendamento de reformas”, disse.
Já Mario Frugiuele afirmou que o governo
brasileiro tomou medidas e efetivou ações muito corretas e específicas no
sentido de ajudar a iniciativa privada (pequenas, médias e grandes empresas) para
poder sustentar os empregos e, desta forma, viabilizar uma retomada menos
traumática. “Na área econômica o governo agiu de forma exemplar, e com certeza
essas medidas serão importantíssimas na retomada. Nós temos uma questão: o
crédito para essas empresas, que algo é algo absolutamente importante. A
solução que o governo está apresentado é a questão da garantia, que faz com que
o crédito seja concedido. Essa garantia precisa ser dada pelo governo ou pelo
Banco Central, de forma a facilitar o crédito para as empresas”, explicou.
Painel 5 – Oportunidades e Riscos do Mercado
Esporte Fitness
Participaram da discussão desse tema Maisa
Blumenfeld, do Sebrae SP, IstvanKasznar, da FGV, Pedro Roberto Pereira de Souza,
do CREF4-SP, Humberto Panzetti, da ABSMEL, e Marco Aurélio Pegolo dos Santos
(Chuí), representando a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.
Segundo Maisa Blumenfeld, a pandemia atinge
80% do setor de serviços como um todo, e a maioria das empresas afetadas são as
empresas prestadoras de serviços que visam o cliente final. “As academias de
ginástica são um exemplo disso. A gente entende a importância da união do setor
produtivo do esporte como um todo. Com certeza precisamos sair com uma nova
forma de atuação. Tivemos uma queda de faturamento de 94% no setor de
academias. Para ajudar essas empresas o Sebrae vem trazendo programas
específicos, que visam que esses gestores aumentem suas competências de gestão”,
revelou.
IstvanKasznar, por sua vez, enfatizou duas
palavras: oportunidade e risco.“Em um momento como esse, nos setores fitness e
de esporte, não faltam oportunidades, mas é preciso ordenar isso tudo. Oportunidades
mal organizadas podem levar a riscos. Se estou pensando em medidas, patrimônios
livres, vendas totais, estou chegando provavelmente em noções de risco. Neste
quadro tenebroso da economia mundial, temos uma queda de 18,8% da indústria. As
atividades ditas não essenciais tiveram queda de 64%. As receitas estão
despencando, se não é que não sumiram, enquanto as despesas estão aí. É preciso
de um choque de custos para que eles sejam repensados e diminuídos”, afirmou.
Já Humberto Panzetti acredita que existe uma
falta de importância dada ao setor esportivo durante a pandemia, visto que os riscos
à saúde são maiores também em pessoas sedentárias. Outro problema foi o momento
em que a crise se instalou, atrapalhando e muito o trabalho nas secretarias
municipais de Esporte. “A pandemia veio num momento muito delicado para os
municípios, pois está afetando não só o fim de uma gestão como comprometendo o
início da próxima, uma vez que 2020 é um ano eleitoral no âmbito municipal”,
explicou.
Painel 6 – O Contexto Global das Academias
Participaram da última mesa do dia Rialdo
Tavares, CREF4-SP, Ralph Scholz, da alemã ISPO Network, e Marcos Rezende, da CSG.
A recuperação na Alemanha
Ralph Scholz afirmou que na Alemanha a
situação já está em um nível de controle maior do que outros lugares do mundo,
como o Brasil. Segundo ele, contribuiu muito para isso o lockdown instalado
pelo governo local durante dois meses. “Nos locais com maior população,
começamos uma reabertura gradual. O setor de fitness é uma parte muito
importante que permite treinar o corpo e a mente. Fizemos um grande estudo
sobre essa tentativa de reabertura, nos baseando em estudos de outras
universidades, tomando todos os cuidados sobre o que podemos fazer contra os
riscos de infecção dentro de uma academia. É necessário ter a garantia que as
pessoas não vão contrair o vírus dentro dos estabelecimentos. Nós fizemos uma
iniciativa, na qual fizemos um lob com os políticos, com um marketing muito
importante, formando uma equipe que se integrou muito bem e trabalhar na
reabertura”, apresentou o case de sucesso alemão.
O cenário nos EUA
Morando nos Estados Unidos, Marcos Rezende,
mostrou como a inovação teve papel fundamental por lá. “Uma saída encontrada
pelas academias aqui foram aulas online e aluguéis de equipamentos das
academias para a casa dos clientes. As vendas online de equipamentos e
materiais esportivos cresceram muito (no último ano cresceu 308%). Com o
retorno, todas as academias deverão manter um espaço de dois metros entre um
equipamento e outro, fazendo com que sobrem equipamentos, tornando o aluguel
uma saída contínua para se obter novo faturamento. Acredita-se que uma grande
porcentagem das pessoas não voltará para as academias por insegurança, mas
manterão as atividades dentro de casa. Isso faz com que a indústria esteja
pronta para atender a demanda dos produtos fitness caseiros. As expectativas
indicam de um a dois anos para a plena recuperação do setor. A inovação nesse
momento é crucial, mesmo sem saber o que esperar nos próximos meses.”
E no Brasil?
Rialdo Tavares revelou que a Associação
Brasileira de Academias criou um manual de procedimentos para o retorno das
atividades, disponível gratuitamente no site da ACAD Brasil, incluindo quatro
pontos principais:
- Procedimentos gerais de limpeza
- Uso dos Equipamentos de Proteção
Individual, os chamados EPIs
- Medidas operacionais preventivas
(utilização de termômetros, distância dos equipamentos, calçados etc)
- Recomendações específicas para os
ambientes aquáticos
“Precisamos provar para o mercado e para o
empresário que a academia é um lugar seguro e não será um polo de disseminação
do vírus. Hoje, estamos muito mais seguros do que shoppings, mercados e
farmácias”, observou.
Marco Aurélio Pegolo dos Santos, o Chuí do
basquete, disse que São Paulo foi o primeiro estado do Brasil a apresentar um
plano de retorno. “Protocolos são importantes, o que e como fazer, baseados na
ciência. E é o que governo do estado está fazendo. Não queremos correr o risco
de ter a volta desse pico”, finalizou.
PRÓXIMAS ETAPAS
O Fórum
terá mais dois dias, 12 e 19 de junho, das 8h30 às 14h00. As inscrições serão
encerradas um dia antes, às 18h00.