FÓRUM IMPACTO ECONÔMICO NO
ESPORTE FITNESS COVID-19 – PRIMEIRO DIA


Dividido em cinco painéis, o evento reuniu
figuras importantes da cadeia produtiva do esporte para discutir soluções e
caminhos para a retomada da economia e das atividades de toda a indústria do
setor após a pandemia.
Entre participações presenciais e virtuais,
por vídeo conferência, a abertura do fórum contou com secretário de Esportes e
Lazer do município de São Paulo, Mauricio Landim, o vereador Rodrigo Goulart,
presidente da Federação Paulista de Esportes & Fitness – FPEFIT, Marlene
Gouveia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte –
ABRIESP, Mauricio Fernandez, o vice-presidente da ABRIESP, Sergio Schildt, o
diretor do CODE FIESP, Mario Frugiuele, o diretor adjunto CODE FIESP, Victor
Hajah, o representante do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, Pedro
Roberto Pereira, e o representante da Soccer Grass, Edson Gomes.
Segundo Mauricio Landim, ainda não é
possível avaliar o impacto geral da crise, mas que há uma luz no fim do túnel e
unir forças do setor público e privado para encontrar maneiras de superar esse
momento. “O esporte é uma ferramenta auxiliar na saúde e não podemos esquecer
isso”, enfatizou.
Responsável pela emenda que viabilizou a
realização do Fórum, o vereador Rodrigo Goulart disse que essa é uma crise sem
precedentes, com reflexos muito importantes e que não há certeza sobre onde irá
parar na economia. “O Esporte é um promotor da saúde, e é muito importante
discutirmos isso, o panorama, com todos os espaços fechados. Temos que discutir
com o Estado como alcançar as fases de flexibilização e retomada das
atividades, bem como seremos no futuro e nos prepararmos da melhor maneira
possível para isso”, disse em seu discurso de abertura.
Painel 1 – Impacto Econômico no Brasil e no
Mundo: Situação Atual e Perspectivas
Participaram da mesa o deputado Julio Cesar Ribeiro, o secretário adjunto da Secretaria Especial do Esporte (Ministério Cidadania), André Alves, o representante da China National Sports Group, Randy Zhang, o diretor da Messe Munchen, Rolf Pickert, o vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Thomas Timm, e o representante da Apex-Brasil, Antonio Caputo.
Representando Secretaria Especial do
Esporte, André Alves afirmou que o papel da pasta é ser uma facilitadora do
segmento esportivo e unir todas as entidades para conseguir dialogar e fazer
uma política esportiva única. “Estamos preparando ações na Secretaria para dar
continuidade ao andamento do setor esportivo no país, com o objetivo de retomar
as atividades esportivas no país o mais rápido possível e de maneira segura.
Conversamos com todos os atores do segmento para, em conjunto, obtermos sucesso
nesse plano”, revelou.
Dentre algumas dessas ações, ele destacou o
trabalho de aprovação de projetos via Lei de Incentivo ao Esporte, zerando a
fila existente, reformulações para flexibilizar e desburocratizar a LIE,
melhorias na Profut, ampliação do prazo de loterias esportivas, manutenção do
programa Bolsa Atleta e a busca por apoios para o Esporte através de estatais.
Painel 2 – Perspectivas Financeiras e
Tributárias do Impacto da Covid-19
Participaram da mesa o vereador Rodrigo
Goulart, Richard Bilton, da Companha Athletica, Ailton Mendes da Silva, do
CREF4-SP, Valter Piccino, do Sindi Clube, e Adriano Correa, do CRCSP.
Em sua fala, Rodrigo Goulart explicou que
boa parte do orçamento desse ano para o Esporte no município acabou sendo transferida
para a Saúde e Assistência Social, setores prioritários neste momento de crise.
“Temos trabalhado desde o primeiro momento para termos uma diferenciação nos
tributos municipais, apresentando, inclusive, a isenção ou prorrogação dos
tributos fiscais. É muito importante que o setor nos traga suas colaborações
para minimizarmos a situação e o impacto financeiro e econômico no nosso setor”,
explicou.
Richard Bilton usou um tom otimista para o
futuro, mas ressaltou a diminuição de receita para as academias nos primeiros
meses de retomada. “Com a reabertura das academias, vamos ter que nos acostumar
com uma operação com 35% a 50% do faturamento, que é o que já vem acontecendo
em Santa Catarina. Para as academias é uma questão de sobrevivência voltar nos
próximos meses”, disse.
A situação nos clubes não tem sido diferente.
Nesse segmento houve um certo alívio em relação à folha salarial, devido aos
cortes e encerramentos de contratos, mas as despesas continuam, como a
manutenção das quadras, piscinas e demais instalações. “Os clubes estão tentando
se manter, são longevos, pois primeiro são muito bem administrados tendo à sua
frente pessoas capacitadas e com amor ao clube. Os clubes têm no mínimo 60% de
sua entrada de dinheiro comprometidas com folhas e encargos salariais, depois
manutenção e inadimplências”, explicou Valter Piccino.
Painel 3 – Perspectivas Trabalhistas
Mesa composta pela Dra. Katia Dutra, da KS
Advogados, José Antonio Fernandes, presidente do SINPEFESP, Valter Piccino, do Sindi
Clube, Flávia Augusto, do CRCSP, e Gilberto Bertevello, presidente da SEEAATESP.
Com a crise econômica causada pela pandemia,
o fechamento do comércio e a diminuição nas operações das empresas, algumas
medidas provisórias foram implantadas, permitindo a suspensão de contratos e
redução salarial, a fim de evitar demissões em massa. A decisão das empresas
fitness, visando atender a essas MPs, utilizou a antecipação das férias dos
seus funcionários e depois suspenderam os contratos de trabalho, pois não
tinham como atender o público pessoalmente e nem online, pela falta de
ferramenta do público, ou mesmo a redução da carga de trabalho e salário.
“Todos tiveram queda em suas receitas,
afetando o fechamento. Nós, profissionais da contabilidade, estamos dando esse
suporte para que haja um remanejamento dos funcionários e todas as questões
financeiras, tendo um cuidado especial também na retomada, que acontecerá de
forma gradual, comimpactos menores”, explicou Flávia Augusto.
Katia Dutra explicou como funcionam essas
medidas: “A suspensão do contrato pode ser usada até duas vezes em 60 dias
pelas empresas. Já a redução de carga horária e, consequentemente, do salário
pode ser usada por 90 dias, com cortes de 25%, 50% ou 70%.”
Segundo ela, o Tribunal Regional do Trabalho
de São Paulo registrou 1.700 novas ações trabalhistas em 70 dias, devido às
demissões em massa durante a pandemia. Outro problema apontado pela advogada
foi o abandono ao terceiro setor. “É um setor que não se sustenta, não consegue
aprovar projetos, não tem publicidade, e muitas crianças e pessoas não estão
conseguindo praticar esportes devido a isso”, afirmou.
Para Gilberto Bertevello, “é muito difícil
suportar uma folha de pagamento com os encargos existentes. O ideal seria o
funcionário receber por produtividade e não por carga horária. Precisamos de
uma reforma interna, e talvez a pandemia seja uma oportunidade de darmos início
a essa revolução.”
Painel 4 – Perspectivas Econômicas
O quarto painel do dia contou com as
participações de Leonardo Pereira, da SELFIT, André Rebelo, da FIESP, e Mario
Frugiuele, diretor do CODE FIESP.
“Olhando para fora é como devemos agir aqui
dentro”, disse Leonardo Pereira, em relação aos processos de retomada econômica
no Brasil. “Quando falamos em perspectivas econômicas, olhamos para o
prognóstico de países que já passaram pelo pico da pandemia. Os protocolos lá
foram muito bem implementados e elaborados. Olhando para fora se percebe uma
nova perspectiva em função do que aconteceu realmente”, explicou.
Segundo André Rebelo, a confiança dos
empresários despencou. “O PIB foi negativo no primeiro trimestre, como
esperado. E deve haver um aprofundamento da crise no segundo trimestre. É
esperada uma recuperação somente no terceiro trimestre do próximo ano, com
muita incerteza de como será feita a retomada no segundo semestre deste ano,
principalmente no sentido de ativação do agendamento de reformas”, disse.
Já Mario Frugiuele afirmou que o governo
brasileiro tomou medidas e efetivou ações muito corretas e específicas no
sentido de ajudar a iniciativa privada (pequenas, médias e grandes empresas) para
poder sustentar os empregos e, desta forma, viabilizar uma retomada menos
traumática. “Na área econômica o governo agiu de forma exemplar, e com certeza
essas medidas serão importantíssimas na retomada. Nós temos uma questão: o
crédito para essas empresas, que algo é algo absolutamente importante. A
solução que o governo está apresentado é a questão da garantia, que faz com que
o crédito seja concedido. Essa garantia precisa ser dada pelo governo ou pelo
Banco Central, de forma a facilitar o crédito para as empresas”, explicou.
Painel 5 – Oportunidades e Riscos do Mercado
Esporte Fitness
Participaram da discussão desse tema Maisa
Blumenfeld, do Sebrae SP, IstvanKasznar, da FGV, Pedro Roberto Pereira de Souza,
do CREF4-SP, Humberto Panzetti, da ABSMEL, e Marco Aurélio Pegolo dos Santos
(Chuí), representando a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.
Segundo Maisa Blumenfeld, a pandemia atinge
80% do setor de serviços como um todo, e a maioria das empresas afetadas são as
empresas prestadoras de serviços que visam o cliente final. “As academias de
ginástica são um exemplo disso. A gente entende a importância da união do setor
produtivo do esporte como um todo. Com certeza precisamos sair com uma nova
forma de atuação. Tivemos uma queda de faturamento de 94% no setor de
academias. Para ajudar essas empresas o Sebrae vem trazendo programas
específicos, que visam que esses gestores aumentem suas competências de gestão”,
revelou.
IstvanKasznar, por sua vez, enfatizou duas
palavras: oportunidade e risco.“Em um momento como esse, nos setores fitness e
de esporte, não faltam oportunidades, mas é preciso ordenar isso tudo. Oportunidades
mal organizadas podem levar a riscos. Se estou pensando em medidas, patrimônios
livres, vendas totais, estou chegando provavelmente em noções de risco. Neste
quadro tenebroso da economia mundial, temos uma queda de 18,8% da indústria. As
atividades ditas não essenciais tiveram queda de 64%. As receitas estão
despencando, se não é que não sumiram, enquanto as despesas estão aí. É preciso
de um choque de custos para que eles sejam repensados e diminuídos”, afirmou.
Já Humberto Panzetti acredita que existe uma
falta de importância dada ao setor esportivo durante a pandemia, visto que os riscos
à saúde são maiores também em pessoas sedentárias. Outro problema foi o momento
em que a crise se instalou, atrapalhando e muito o trabalho nas secretarias
municipais de Esporte. “A pandemia veio num momento muito delicado para os
municípios, pois está afetando não só o fim de uma gestão como comprometendo o
início da próxima, uma vez que 2020 é um ano eleitoral no âmbito municipal”,
explicou.
Painel 6 – O Contexto Global das Academias
Participaram da última mesa do dia Rialdo
Tavares, CREF4-SP, Ralph Scholz, da alemã ISPO Network, e Marcos Rezende, da CSG.
A recuperação na Alemanha
Ralph Scholz afirmou que na Alemanha a
situação já está em um nível de controle maior do que outros lugares do mundo,
como o Brasil. Segundo ele, contribuiu muito para isso o lockdown instalado
pelo governo local durante dois meses. “Nos locais com maior população,
começamos uma reabertura gradual. O setor de fitness é uma parte muito
importante que permite treinar o corpo e a mente. Fizemos um grande estudo
sobre essa tentativa de reabertura, nos baseando em estudos de outras
universidades, tomando todos os cuidados sobre o que podemos fazer contra os
riscos de infecção dentro de uma academia. É necessário ter a garantia que as
pessoas não vão contrair o vírus dentro dos estabelecimentos. Nós fizemos uma
iniciativa, na qual fizemos um lob com os políticos, com um marketing muito
importante, formando uma equipe que se integrou muito bem e trabalhar na
reabertura”, apresentou o case de sucesso alemão.
O cenário nos EUA
Morando nos Estados Unidos, Marcos Rezende,
mostrou como a inovação teve papel fundamental por lá. “Uma saída encontrada
pelas academias aqui foram aulas online e aluguéis de equipamentos das
academias para a casa dos clientes. As vendas online de equipamentos e
materiais esportivos cresceram muito (no último ano cresceu 308%). Com o
retorno, todas as academias deverão manter um espaço de dois metros entre um
equipamento e outro, fazendo com que sobrem equipamentos, tornando o aluguel
uma saída contínua para se obter novo faturamento. Acredita-se que uma grande
porcentagem das pessoas não voltará para as academias por insegurança, mas
manterão as atividades dentro de casa. Isso faz com que a indústria esteja
pronta para atender a demanda dos produtos fitness caseiros. As expectativas
indicam de um a dois anos para a plena recuperação do setor. A inovação nesse
momento é crucial, mesmo sem saber o que esperar nos próximos meses.”
E no Brasil?
Rialdo Tavares revelou que a Associação
Brasileira de Academias criou um manual de procedimentos para o retorno das
atividades, disponível gratuitamente no site da ACAD Brasil, incluindo quatro
pontos principais:
- Procedimentos gerais de limpeza
- Uso dos Equipamentos de Proteção
Individual, os chamados EPIs
- Medidas operacionais preventivas
(utilização de termômetros, distância dos equipamentos, calçados etc)
- Recomendações específicas para os
ambientes aquáticos
“Precisamos provar para o mercado e para o
empresário que a academia é um lugar seguro e não será um polo de disseminação
do vírus. Hoje, estamos muito mais seguros do que shoppings, mercados e
farmácias”, observou.
Marco Aurélio Pegolo dos Santos, o Chuí do
basquete, disse que São Paulo foi o primeiro estado do Brasil a apresentar um
plano de retorno. “Protocolos são importantes, o que e como fazer, baseados na
ciência. E é o que governo do estado está fazendo. Não queremos correr o risco
de ter a volta desse pico”, finalizou.
PRÓXIMAS ETAPAS
O Fórum
terá mais dois dias, 12 e 19 de junho, das 8h30 às 14h00. As inscrições serão
encerradas um dia antes, às 18h00.
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