quinta-feira, 11 de junho de 2020


FÓRUM IMPACTO ECONÔMICO NO ESPORTE FITNESS COVID-19 – PRIMEIRO DIA

Aconteceu na última sexta-feira, 5 de junho, o primeiro dia de palestras do Fórum Impacto Econômico no Esporte Fitness Covid-19, uma realização da Federação Paulista de Esporte & Fitness (FPEFIT) em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo (SEME).


O evento tem a promoção da Associação Brasileira da Indústria do Esporte (ABRIESP), e os apoios da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo (SE-SP), Conselho Regional de Educação Física de São Paulo (CREF4/SP), Sebrae SP, Fundação Getúlio Vargas, Sindicato dos Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo (SINPEFESP), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP), Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo (CAU/SP), Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA), Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo (Sindi Clube), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Sindicato das Entidades Desportivas do Estado de São Paulo (SEADESP), Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Esportes, Associação Brasileira de Secretários Municipais de Esportes e Lazer (ABSMEL), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil) e da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (ACEESP).

Dividido em cinco painéis, o evento reuniu figuras importantes da cadeia produtiva do esporte para discutir soluções e caminhos para a retomada da economia e das atividades de toda a indústria do setor após a pandemia.

Entre participações presenciais e virtuais, por vídeo conferência, a abertura do fórum contou com secretário de Esportes e Lazer do município de São Paulo, Mauricio Landim, o vereador Rodrigo Goulart, presidente da Federação Paulista de Esportes & Fitness – FPEFIT, Marlene Gouveia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte – ABRIESP, Mauricio Fernandez, o vice-presidente da ABRIESP, Sergio Schildt, o diretor do CODE FIESP, Mario Frugiuele, o diretor adjunto CODE FIESP, Victor Hajah, o representante do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, Pedro Roberto Pereira, e o representante da Soccer Grass, Edson Gomes.

Segundo Mauricio Landim, ainda não é possível avaliar o impacto geral da crise, mas que há uma luz no fim do túnel e unir forças do setor público e privado para encontrar maneiras de superar esse momento. “O esporte é uma ferramenta auxiliar na saúde e não podemos esquecer isso”, enfatizou.

Responsável pela emenda que viabilizou a realização do Fórum, o vereador Rodrigo Goulart disse que essa é uma crise sem precedentes, com reflexos muito importantes e que não há certeza sobre onde irá parar na economia. “O Esporte é um promotor da saúde, e é muito importante discutirmos isso, o panorama, com todos os espaços fechados. Temos que discutir com o Estado como alcançar as fases de flexibilização e retomada das atividades, bem como seremos no futuro e nos prepararmos da melhor maneira possível para isso”, disse em seu discurso de abertura.

Painel 1 – Impacto Econômico no Brasil e no Mundo: Situação Atual e Perspectivas

Participaram da mesa o deputado Julio Cesar Ribeiro, o secretário adjunto da Secretaria Especial do Esporte (Ministério Cidadania), André Alves, o representante da China National Sports Group, Randy Zhang, o diretor da Messe Munchen, Rolf Pickert, o vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Thomas Timm, e o representante da Apex-Brasil, Antonio Caputo.

Representando Secretaria Especial do Esporte, André Alves afirmou que o papel da pasta é ser uma facilitadora do segmento esportivo e unir todas as entidades para conseguir dialogar e fazer uma política esportiva única. “Estamos preparando ações na Secretaria para dar continuidade ao andamento do setor esportivo no país, com o objetivo de retomar as atividades esportivas no país o mais rápido possível e de maneira segura. Conversamos com todos os atores do segmento para, em conjunto, obtermos sucesso nesse plano”, revelou.

Dentre algumas dessas ações, ele destacou o trabalho de aprovação de projetos via Lei de Incentivo ao Esporte, zerando a fila existente, reformulações para flexibilizar e desburocratizar a LIE, melhorias na Profut, ampliação do prazo de loterias esportivas, manutenção do programa Bolsa Atleta e a busca por apoios para o Esporte através de estatais.

Painel 2 – Perspectivas Financeiras e Tributárias do Impacto da Covid-19
Participaram da mesa o vereador Rodrigo Goulart, Richard Bilton, da Companha Athletica, Ailton Mendes da Silva, do CREF4-SP, Valter Piccino, do Sindi Clube, e Adriano Correa, do CRCSP.

Em sua fala, Rodrigo Goulart explicou que boa parte do orçamento desse ano para o Esporte no município acabou sendo transferida para a Saúde e Assistência Social, setores prioritários neste momento de crise. “Temos trabalhado desde o primeiro momento para termos uma diferenciação nos tributos municipais, apresentando, inclusive, a isenção ou prorrogação dos tributos fiscais. É muito importante que o setor nos traga suas colaborações para minimizarmos a situação e o impacto financeiro e econômico no nosso setor”, explicou.

Richard Bilton usou um tom otimista para o futuro, mas ressaltou a diminuição de receita para as academias nos primeiros meses de retomada. “Com a reabertura das academias, vamos ter que nos acostumar com uma operação com 35% a 50% do faturamento, que é o que já vem acontecendo em Santa Catarina. Para as academias é uma questão de sobrevivência voltar nos próximos meses”, disse.

A situação nos clubes não tem sido diferente. Nesse segmento houve um certo alívio em relação à folha salarial, devido aos cortes e encerramentos de contratos, mas as despesas continuam, como a manutenção das quadras, piscinas e demais instalações. “Os clubes estão tentando se manter, são longevos, pois primeiro são muito bem administrados tendo à sua frente pessoas capacitadas e com amor ao clube. Os clubes têm no mínimo 60% de sua entrada de dinheiro comprometidas com folhas e encargos salariais, depois manutenção e inadimplências”, explicou Valter Piccino.

Painel 3 – Perspectivas Trabalhistas
Mesa composta pela Dra. Katia Dutra, da KS Advogados, José Antonio Fernandes, presidente do SINPEFESP, Valter Piccino, do Sindi Clube, Flávia Augusto, do CRCSP, e Gilberto Bertevello, presidente da SEEAATESP.

Com a crise econômica causada pela pandemia, o fechamento do comércio e a diminuição nas operações das empresas, algumas medidas provisórias foram implantadas, permitindo a suspensão de contratos e redução salarial, a fim de evitar demissões em massa. A decisão das empresas fitness, visando atender a essas MPs, utilizou a antecipação das férias dos seus funcionários e depois suspenderam os contratos de trabalho, pois não tinham como atender o público pessoalmente e nem online, pela falta de ferramenta do público, ou mesmo a redução da carga de trabalho e salário.

“Todos tiveram queda em suas receitas, afetando o fechamento. Nós, profissionais da contabilidade, estamos dando esse suporte para que haja um remanejamento dos funcionários e todas as questões financeiras, tendo um cuidado especial também na retomada, que acontecerá de forma gradual, comimpactos menores”, explicou Flávia Augusto.

Katia Dutra explicou como funcionam essas medidas: “A suspensão do contrato pode ser usada até duas vezes em 60 dias pelas empresas. Já a redução de carga horária e, consequentemente, do salário pode ser usada por 90 dias, com cortes de 25%, 50% ou 70%.”

Segundo ela, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo registrou 1.700 novas ações trabalhistas em 70 dias, devido às demissões em massa durante a pandemia. Outro problema apontado pela advogada foi o abandono ao terceiro setor. “É um setor que não se sustenta, não consegue aprovar projetos, não tem publicidade, e muitas crianças e pessoas não estão conseguindo praticar esportes devido a isso”, afirmou.

Para Gilberto Bertevello, “é muito difícil suportar uma folha de pagamento com os encargos existentes. O ideal seria o funcionário receber por produtividade e não por carga horária. Precisamos de uma reforma interna, e talvez a pandemia seja uma oportunidade de darmos início a essa revolução.”

Painel 4 – Perspectivas Econômicas
O quarto painel do dia contou com as participações de Leonardo Pereira, da SELFIT, André Rebelo, da FIESP, e Mario Frugiuele, diretor do CODE FIESP.

“Olhando para fora é como devemos agir aqui dentro”, disse Leonardo Pereira, em relação aos processos de retomada econômica no Brasil. “Quando falamos em perspectivas econômicas, olhamos para o prognóstico de países que já passaram pelo pico da pandemia. Os protocolos lá foram muito bem implementados e elaborados. Olhando para fora se percebe uma nova perspectiva em função do que aconteceu realmente”, explicou.

Segundo André Rebelo, a confiança dos empresários despencou. “O PIB foi negativo no primeiro trimestre, como esperado. E deve haver um aprofundamento da crise no segundo trimestre. É esperada uma recuperação somente no terceiro trimestre do próximo ano, com muita incerteza de como será feita a retomada no segundo semestre deste ano, principalmente no sentido de ativação do agendamento de reformas”, disse.

Já Mario Frugiuele afirmou que o governo brasileiro tomou medidas e efetivou ações muito corretas e específicas no sentido de ajudar a iniciativa privada (pequenas, médias e grandes empresas) para poder sustentar os empregos e, desta forma, viabilizar uma retomada menos traumática. “Na área econômica o governo agiu de forma exemplar, e com certeza essas medidas serão importantíssimas na retomada. Nós temos uma questão: o crédito para essas empresas, que algo é algo absolutamente importante. A solução que o governo está apresentado é a questão da garantia, que faz com que o crédito seja concedido. Essa garantia precisa ser dada pelo governo ou pelo Banco Central, de forma a facilitar o crédito para as empresas”, explicou.

Painel 5 – Oportunidades e Riscos do Mercado Esporte Fitness
Participaram da discussão desse tema Maisa Blumenfeld, do Sebrae SP, IstvanKasznar, da FGV, Pedro Roberto Pereira de Souza, do CREF4-SP, Humberto Panzetti, da ABSMEL, e Marco Aurélio Pegolo dos Santos (Chuí), representando a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.

Segundo Maisa Blumenfeld, a pandemia atinge 80% do setor de serviços como um todo, e a maioria das empresas afetadas são as empresas prestadoras de serviços que visam o cliente final. “As academias de ginástica são um exemplo disso. A gente entende a importância da união do setor produtivo do esporte como um todo. Com certeza precisamos sair com uma nova forma de atuação. Tivemos uma queda de faturamento de 94% no setor de academias. Para ajudar essas empresas o Sebrae vem trazendo programas específicos, que visam que esses gestores aumentem suas competências de gestão”, revelou.

IstvanKasznar, por sua vez, enfatizou duas palavras: oportunidade e risco.“Em um momento como esse, nos setores fitness e de esporte, não faltam oportunidades, mas é preciso ordenar isso tudo. Oportunidades mal organizadas podem levar a riscos. Se estou pensando em medidas, patrimônios livres, vendas totais, estou chegando provavelmente em noções de risco. Neste quadro tenebroso da economia mundial, temos uma queda de 18,8% da indústria. As atividades ditas não essenciais tiveram queda de 64%. As receitas estão despencando, se não é que não sumiram, enquanto as despesas estão aí. É preciso de um choque de custos para que eles sejam repensados e diminuídos”, afirmou.

Já Humberto Panzetti acredita que existe uma falta de importância dada ao setor esportivo durante a pandemia, visto que os riscos à saúde são maiores também em pessoas sedentárias. Outro problema foi o momento em que a crise se instalou, atrapalhando e muito o trabalho nas secretarias municipais de Esporte. “A pandemia veio num momento muito delicado para os municípios, pois está afetando não só o fim de uma gestão como comprometendo o início da próxima, uma vez que 2020 é um ano eleitoral no âmbito municipal”, explicou.



Painel 6 – O Contexto Global das Academias
Participaram da última mesa do dia Rialdo Tavares, CREF4-SP, Ralph Scholz, da alemã ISPO Network, e Marcos Rezende, da CSG.

A recuperação na Alemanha
Ralph Scholz afirmou que na Alemanha a situação já está em um nível de controle maior do que outros lugares do mundo, como o Brasil. Segundo ele, contribuiu muito para isso o lockdown instalado pelo governo local durante dois meses. “Nos locais com maior população, começamos uma reabertura gradual. O setor de fitness é uma parte muito importante que permite treinar o corpo e a mente. Fizemos um grande estudo sobre essa tentativa de reabertura, nos baseando em estudos de outras universidades, tomando todos os cuidados sobre o que podemos fazer contra os riscos de infecção dentro de uma academia. É necessário ter a garantia que as pessoas não vão contrair o vírus dentro dos estabelecimentos. Nós fizemos uma iniciativa, na qual fizemos um lob com os políticos, com um marketing muito importante, formando uma equipe que se integrou muito bem e trabalhar na reabertura”, apresentou o case de sucesso alemão.

O cenário nos EUA
Morando nos Estados Unidos, Marcos Rezende, mostrou como a inovação teve papel fundamental por lá. “Uma saída encontrada pelas academias aqui foram aulas online e aluguéis de equipamentos das academias para a casa dos clientes. As vendas online de equipamentos e materiais esportivos cresceram muito (no último ano cresceu 308%). Com o retorno, todas as academias deverão manter um espaço de dois metros entre um equipamento e outro, fazendo com que sobrem equipamentos, tornando o aluguel uma saída contínua para se obter novo faturamento. Acredita-se que uma grande porcentagem das pessoas não voltará para as academias por insegurança, mas manterão as atividades dentro de casa. Isso faz com que a indústria esteja pronta para atender a demanda dos produtos fitness caseiros. As expectativas indicam de um a dois anos para a plena recuperação do setor. A inovação nesse momento é crucial, mesmo sem saber o que esperar nos próximos meses.”

E no Brasil?
Rialdo Tavares revelou que a Associação Brasileira de Academias criou um manual de procedimentos para o retorno das atividades, disponível gratuitamente no site da ACAD Brasil, incluindo quatro pontos principais:

- Procedimentos gerais de limpeza
- Uso dos Equipamentos de Proteção Individual, os chamados EPIs
- Medidas operacionais preventivas (utilização de termômetros, distância dos equipamentos, calçados etc)
- Recomendações específicas para os ambientes aquáticos

“Precisamos provar para o mercado e para o empresário que a academia é um lugar seguro e não será um polo de disseminação do vírus. Hoje, estamos muito mais seguros do que shoppings, mercados e farmácias”, observou.

Marco Aurélio Pegolo dos Santos, o Chuí do basquete, disse que São Paulo foi o primeiro estado do Brasil a apresentar um plano de retorno. “Protocolos são importantes, o que e como fazer, baseados na ciência. E é o que governo do estado está fazendo. Não queremos correr o risco de ter a volta desse pico”, finalizou.

PRÓXIMAS ETAPAS

O Fórum terá mais dois dias, 12 e 19 de junho, das 8h30 às 14h00. As inscrições serão encerradas um dia antes, às 18h00.




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